transtorno de personalidade
- Janaína Haas
- 16 de jun.
- 5 min de leitura

É comum recebermos na clínica uma pessoa com diagnóstico de algum transtorno de personalidade. A sensação é como se sentissem com um carimbo na testa, uma sentença. “Eu sou este ?” Sentimentos como negação, culpa, lista de medicamentos, sofrimento, vergonha e por aí vai.
Primeiro preciso lembrar que o diagnóstico pode ter validade somente através de um profissional da área da saúde, como médico (com registro no CRM), pode identificar e diagnosticar, além disso pode prescrever medicamentos. O psicólogo, poderá também através de técnicas psicológicas para o Psicodiagnóstico, como entrevistas, testes e observação comportamental, para avaliar e identificar problemas de ajuste, desenvolvimento ou questões emocionais e mentais. Depois é preciso acalmar, respirar e entender é um processo, às vezes longo e necessário com terapia. Mas nada adianta o melhor profissional se você não fizer a sua parte.
Conforme o DSM V (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5)
“Os transtornos de personalidade são problemas de saúde mental que envolvem padrões persistentes e generalizados no modo de pensar, perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo à pessoa e/ou prejudicam sua capacidade funcional.”
Logo o TP (transtorno de personalidade) não tem cura, mas os tratamentos são bem eficazes. A psicoterapia auxilia na melhora do autoconhecimento, dos sintomas e o funcionamento social e emocional. Além disso, é importante o uso regular de medicamentos visando aliviar os sintomas específicos, como ansiedade, depressão ou impulsividade, assim como consultas periódicas ao médico.

Tipos de transtorno de personalidade
Os TP são padrões de pensamentos, comportamentos que causam respostas emocionais e interação interpessoal.
“Existem dez tipos de transtorno de personalidade e cada qual apresenta problemas característicos relacionados à maneira pela qual a pessoa entende a si própria e a padrões de resposta aos outros e a eventos estressantes.” DSM-V.
O TP pode variar em suas combinações conforme uma soma de fatores genéticos e ambientais, assim alguns tornam-se menos graves com a idade, como antissocial e borderline, outros como transtorno obsessivo-compulsivo, esquizotípico podem não ter uma mudança significativa.
ENTENDENDO PADRÕES
CONFORME O DSM-V (citado conforme fonte)
Existem 10 tipos de transtornos de personalidade em 3 grupos (A, B, e C)
O grupo A é caracterizado por parecer estranho ou excêntrico. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:
Paranoide: desconfiança e suspeita
Esquizoide: desinteresse em outras pessoas
Esquizotípico: ideias e comportamentos excêntricos
O grupo B é caracterizado por parecer dramático, emocional ou errático. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:
Antissocial: irresponsabilidade social, desrespeito por outros, falsidade e manipulação dos outros para ganho pessoal
Borderline: vazio interior, relacionamentos instáveis e desregulação emocional
Histriônico: busca de atenção e emocionalidade excessiva
Narcisístico: autograndiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia
O grupo C é caracterizado por parecer ansioso ou apreensivo. Contempla os seguintes transtornos de personalidade e suas características distintivas:
Esquivo: evitar contato interpessoal por causa de sensibilidade à rejeição
Dependente: submissão e necessidade de ser cuidado
Obsessivo-compulsivo: perfeccionismo, rigidez, e obstinação

USO DE PSICOATIVOS
A relação de psicoativos e o cérebro ainda é pouco mencionado, mas é importante entender que a dependência química e o uso abusivo de substâncias podem afetar o funcionamento do cérebro e, consequentemente, o comportamento e as emoções, levando a alterações na forma como a pessoa se percebe e se relaciona com o mundo. Ou seja, o transtorno de personalidade, assim como os sintomas de ansiedade e depressão podem ser afetados pelo uso e vice-versa.
As substâncias, como álcool, nicotina, opioides, estimulantes, sedativos, alucinógenos e outras drogas lícitas e ilícitas, podem induzir alterações no humor, comportamento, cognição e percepção.
Conforme
“Por exemplo, o uso crônico de álcool está associado a quadros de depressão e ansiedade, enquanto substâncias estimulantes, como cocaína e metanfetamina, podem induzir paranoia, alucinações e comportamento agressivo. Por outro lado, alucinógenos como LSD podem desencadear episódios psicóticos agudos, que, em indivíduos predispostos, podem evoluir para transtornos psiquiátricos persistentes. Opioides e sedativos, além de causarem dependência física, frequentemente levam a apatia, anedonia e estados depressivos graves, principalmente durante os períodos de abstinência.”
*fatores como
predisposição genética, histórico familiar de transtornos mentais, traumas e condições
socioeconômicas precárias podem aumentar a vulnerabilidade ao desenvolvimento dessas
condições
Como mencionei os psicoativos alteram a atividade de neurotransmissores como dopamina, serotonina e GABA, modulando funções como humor, cognição e percepção, neurotransmissores fundamentais para a regulação de humor. Estimulantes, como cocaína e anfetaminas, aumentam os níveis de dopamina, levando a euforia e aumento de energia, mas podem causar neurotoxicidade e transtornos de humor a longo prazo. Depressores, como álcool e opioides, reduzem a atividade cerebral, promovendo relaxamento, mas podem resultar em sedação excessiva, dependência química e danos neurológicos.

Comer ultraprocessados aumenta em 58% o risco de depressão persistente, aponta estudo da Faculdade de Medicina da USP
Conforme o estudo, “a presença de aditivos artificiais e gorduras saturadas pode desencadear processos inflamatórios, um fator associado ao desenvolvimento da depressão.”
Esses dias presenciei uma mãe dizendo que não daria doce para a criança (ainda menor de 2 (dois) anos, enquanto um senhor dizia para a criança, “mas quando estiver como o vovô você ganhará”. Não estou aqui para julgar nada neste diálogo, mas é fundamental entendermos que quanto mais cedo a criança iniciar seu processo alimentar com produtos ultra processados, pior será o desenvolvimento neurológico e mais cedo a família terá que lidar com questões emocionais.
Não significa que não podemos comer uma extravagância como bolos, chocolates ou fast foods, mas dosar de forma consciente. Ou seja, conforme estudo “ao diminuir 20% desses produtos, optando por alimentos naturais, é possível reduzir para 22% a probabilidade.”
Se você não se conscientizar em relação a sua saúde, quem fará?
O boicote é o melhor aliado da má saúde!
A prática regular de exercícios físicos libera endorfinas, neurotransmissores que contribuem para uma sensação de bem-estar e redução do estresse. Além disso, melhora a qualidade do sono, ajuda no controle do peso e aumenta a autoestima, todos essenciais para uma boa saúde mental.
Conforme o Conselho de Educação Física, “a prática regular da atividade física previne doenças como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, além de beneficiar a manutenção do bem-estar e saúde mental. Os exercícios colaboram na prevenção de sintomas de depressão, ansiedade, autoestima e problemas de autoimagem. “Mexer o corpo” ainda diminui o risco de doenças como Alzheimer e Parkinson.”
A prática precisa acontecer juntamente com a mudança de hábitos. Entender que exercícios regulares podem ajudar a controlar os níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro. Esses neurotransmissores desempenham um papel crucial no controle do humor e da ansiedade.
A prática de atividades físicas, como yoga e meditação, ajuda a reduzir o estresse, promovendo o relaxamento, além de aprimorar a resiliência emocional. Ela também desempenha um papel na prevenção de outras doenças.
Não existe remédio que cure, apenas sanamos de forma provisória.
Mas existe mudança de hábito, que ajuda no autoconhecimento e bem-estar de uma vida mais leve.
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